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REFORMA


Nossos pais, avós ou bisavós, frequentemente utilizam a expressão “uma vez era assim...” Difícil é ver os mais jovens que não viveram essas gerações (40, 50 ou mais anos atrás) se referir saudosamente desta forma. Porém, algumas pessoas têm raras oportunidades e a paciência de aprender aos pés dos patriarcas e absorver as lições de vida e conduta de uma geração mais antiga que a atual.

Para tanto, inicio a minha história com esta ilustre expressão: “uma vez...”.

Uma vez quando as pessoas deixavam uma vida dissoluta para ser “crente”, o negócio era levado a sério. Elas deixavam de ser um mau exemplo na sociedade para ser uma pessoa digna e honesta, transformada. Embora não fosse muito popular nem da moda ser crente, a sociedade tinha respeito. Pastor era tido como autoridade na cidade (lembro do funeral do Pr. Germano Domingos Zucchi que teve até caminhão do corpo de bombeiros para conduzir o seu corpo); e além de outros exemplos que poderia citar crente não contraía dívida que não podia cumprir, carregava consigo um título de honestidade. O fio de bigode de um homem valia mais que contrato em cartório. Mas isso foi uma vez, não é mais.

Hoje ser crente é da moda, já escrevi sobre isso em outros artigos e na minha crítica “Mercadores do Evangelho”. Os cidadãos pegam suas vidas dissolutas e se colocam num assento da igreja e continuam vivendo da mesma forma. Ninguém quer abrir mão de nada, nem se quer dos vícios. Está desaparecendo um dos elementos fundamentais da igreja: “a conversão”. Exemplo: Uma vez os crentes não consumiam bebidas de álcool, mas só nesta virada de ano perdi as contas de quantas comemorações dos “irmãos” foram regadas a álcool (não critico a bebida, mas, o princípio de conduta. Também gosto de uma espumante, sem álcool, hehe). Uma vez crente pagava em dias seus compromissos, repetindo, hoje tem loja que não vende pra crente, que não paga mesmo, e ainda pede crédito emprestado para os irmãos. Não vamos generalizar a crítica, ok? São casos isolados cada vez mais comuns.
Crente salvo em Cristo não é sem vergonha, mentiroso e caloteiro, mas sim um exemplo para uma sociedade corrupta. A questão está no abismo que existe entre pertencer a uma igreja evangélica e ser SALVO em Cristo.

Tocando um pouquinho na liderança cristã. Uma vez quando um fiel se portava de forma questionável, os líderes o chamavam para um particular, em absoluto sigilo (outra coisa que está desaparecendo é o sigilo pastoral) e o repreendiam com o objetivo de auxiliar na correção de conduta e manter o controle geral; para que a própria conduta cristã pudesse ser mantida intacta e não servir de escândalo para o mundo. Não tinha chance, fez bobagem vai precisar responder por ela. Por todos os lados isso era excelente, porque a liderança investia no refino do caráter da sua membresia. Mas hoje não sei o que acontece, parece que nossos líderes evangélicos assinam contratos de fidelidade com os escandalosos, porque não os repreendem e nem exercem autoridade sobre eles. Os indivíduos estão levando o nome da igreja para a beira do lamaçal e nenhum líder faz nada, do contrário, ficam bajulando os canalhas. São pessoas que estão no meio cristão com interesse puramente social e/ou econômico, viver em Cristo não é objetivo destes (são lobos consumindo as ovelinhas).

Então, sou de pleno acordo que precisamos urgente de uma reforma. Se a igreja é um hospital, precisamos curar primeiro, depois ocupar com cargos e títulos. Não se pode colocar um soldado ferido no fronte de batalha. Precisamos também é aprender a mandar algumas pessoas se RETIRAR. Se não quiser adotar uma conduta adequada ao Reino de Deus e se não quiser ser curado de seu mau caráter, então que caminhe em busca de um lugar mais a seu gosto, longe das ovelhas. É diferente de quando uma ovelha se machuca e precisa de cuidados e uma segunda chance, mas geralmente essas que são eliminadas, enquanto os lobos permanecem.

Outro dia ouvia na radio um boletim policial e me deparo com um noticia estarrecedora, o cidadão “crente” conseguiu pela sua conduta colocar o nome da igreja numa areia movediça, e ninguém tomou caso do fato. Pelo seu testemunho deixa o nome ilibado de uma igreja com 76 anos na cidade ser tocado num boletim policial por estelionato; mas obviamente ninguém faz nada porque ele é parceiro da diretoria. Será que os homens de Deus estão engessados? Será que Deus se comunica com eles ainda? Estão assinando contrato com o infiel? Tiago escreveu: ”Portanto, livrem-se de toda impureza moral e da maldade que prevalece...”. 

Depois tem figura pública com sérias acusações no Ministério Público, em plena atividade, “amoitado” em quatro paredes, em perfeita comunhão (membro do ministério). Tem coação e ameaças contra a ordem e o patrimônio. Tem casos de adultério, agressão e outras coisas que não é bom falar, tudo escondidinho. Resolvido em quatro paredes, enquanto o povo pensa que está tudo bem. Intrigante que nada disso é novidade na sociedade, mas não deveria acontecer no meio do povo de Deus, e muito menos ficar impune e sem providências. Já assisti gente que foi excomungado do corpo da igreja por suposto mau testemunho, enquanto outros ali continuam fazendo coisas assustadoras, sem execução. Vi gente sendo relegado a lixo por falar a verdade, nada mais além da verdade. Também vi outro sendo afastados das atividades porque foi vítima de um processo difamatório e mentiroso, instalado pelos próprios “irmãos” (membros do ministério), enquanto outro com processo de caráter muitissimamente mais grave e verídico, a pena de reclusão (prisão), permanece em atividade e com pompa de santo. Tem gente de renome que se auto-disciplinou, enrolou os líderes, ficou mais de ano sem participar da comunhão da igreja (membro do ministério, fugia na hora da distribuição da ceia na frente do pastor, ninguém nunca percebeu), depois retornou a normalidade e novamente ninguém viu nada. Pior de tudo é que ninguém levou bálsamo para ajudar a sarar as feridas das ovelhas machucadas, foram enviadas para morrer no deserto. Se não fosse pelo grande amor de Deus... Enfim, vou repetir a frase citada acima: “Crente salvo em Cristo não é sem vergonha, mas sim um exemplo para uma sociedade corrupta. A questão está no abismo que existe entre pertencer a uma igreja evangélica, ter cargos, bem ou mal sucedido, e ser SALVO em Cristo”.

Uma vez os líderes eram escolhidos pela direção divina, hoje pela conveniência política. Pega um obreiro com ministério derrotado e já reprovado que não consegue conduzir nem se quer a sua própria casa, coloca a frente de uma congregação, não ganha nenhuma alma, espanta algumas que já são poucas, depois por conveniência retira de lá e coloca a frente de um importante departamento. Para quê? Pra matar mais um trabalho? Isso não tem direção divina. Tem gente trabalhando pro diabo dentro do Reino de Deus, com a tríplice missão de roubar, matar e destruir.

As ovelhas precisam de pastores para cuidá-las, não assassinos. É fácil escutar o gemido dos feridos, machucados e abandonados porque não são peças importantes no jogo.

Precisamos de uma reforma na forma de nos portarmos como cristãos. Que Cristianismo estamos vivenciando? Devemos nos questionar acerca de qual o testemunho que distribuímos por aí. Levantar uma auto-análise de que espécie de caráter somos possuidores. Faça a si próprio as seguintes perguntas: Qual o meu conceito diante dos de fora da igreja? Diante da Igreja? Diante da família? Qual o meu conceito diante do meu líder? Diante dos colegas de trabalho? Diante do diabo?  Diante de Deus? Questionar a oportunidade se é lícita, digna e de boa fama. Dos nossos líderes precisamos uma austeridade maior, uma imparcialidade mais verdadeira, uma justiça mais presente e muito caráter; “porque os fins e os meios são inseparáveis” (Ghandi).

Outro dia um pastor amigo disse-me que é preciso falar tudo aquilo que Deus tem colocado em meu coração, custe o que custar, se for a verdade; portanto, alguém pode mencionar que estou trabalhando contra a própria casa, mas não estou! Por amar o meio que estou inserido e considerar que ofereci anos da minha vida neste propósito, desejo a cura e não a destruição. Se assistir tudo calado é o mesmo efeito de consentir, então escrevo. Burke dizia: “Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam”.

Não podemos viver uma liberdade sem lei, nem uma lei sem liberdade. Precisamos viver uma medida justa, a Lei da Liberdade de Cristo, onde o amor e uma justa justiça operante em nosso meio criem o ambiente propício para o crescimento de fato do Reino do Senhor aqui neste mundo.

Que Deus nos abençoe.

Alan Chiamenti Machado
Não autorizada reprodução.

Meu agradecimento aos amigos e irmãos que colaboram
com a análise ética dos meus artigos críticos.

5 comentários:

  1. Sei muito bem como funciona tudo isso... A igreja está cheia de mercenários. Meu pai a muitos anos atrás, deu tudo o que tinha pra igreja, e na hora que partiu nem o velório deixarão fazer dentro de uma das congregações. Quem gentilmente cedeu espaço para que pudessemos velar seu corpo foi um padre da igreja católica de nosso bairro.
    Que igreja é essa? Que amor é esse?? Quem são nossos Líderes??

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  2. GRAÇAS ADEUS ALGUÉM COM CORAGEM PARA EXPOR UM POUCO AS NESSECIDADES BASICAS DA IGREJA; OLHAR COM AMOR PARA AS OVELHINHAS QUE ESTÃO MORRENDO,AOS PÉS DOS "pastores" E ELES NÃO VEEM, PORQUE ESTÃO ENGANJADOS EM BAJULAR LOBOS. PRECISSAMOS MESMO DE UMA GRANDE REFORMA COMESSANDO DE CIMA PARA BAIXO E LIMPAR NOSSAS IGREJAS DOS LOBOS DEVORADORES.

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  3. Um amigo outro dia, esposando a análise do artigo, me escreveu dizendo que o Reino de Deus está em cada um de nós. É fato. O Reino de Deus é o povo que compõe a igreja e não a paredes do templo ou a pessoa jurídica da igreja. Nós, ovelhas sob o pastoreio de Cristo, somos o interesse de Deus. O Senhor está fora dos interesses políticos e econômicos.

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  4. Parabéns irmão por este artigo, eu gostaria de ter falado tudo isto, mas não tenho coragem, tu és muito abençoado com todos os teus artigos. Tenho muita admiração por voce, passaste por tantas provas e não desaminaste, é isso aí vai em frente que tu és um homem abençoado por nosso Criador. Um grande abraço, fique com a Paz.

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    1. Deus abençoe ricamente o amado irmão ou irmã. Fique na Paz.

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